sábado, 16 de julho de 2011

Um pouco de literatura II - Consolo na praia de Carlos Drummond de Andrade


Vamos, não chores
A infância está perdida
Mas a vida não se perdeu
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras
Em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas e o humor?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
Murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
Precipitar-te de vez nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.


O poema de Carlos Drummond de Andrade reflete o não contentamento do eu lírico diante das coisas que passarão despercebidas, principalmente aquelas que pareciam insignificantes. Atentem durante a leitura deste poema para a preocupação do poeta em evidenciar o mundo ao seu redor, as injustiças e os amores que como os amigos não são eternos.

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